Para um autor de micronarrativas é fascinante ler outro autor do gênero, principalmente quando esse é bom.
Há alguns dias, recebi do meu editor, Wilson Gorj – também é um dos meus escritores preferidos –, um presente chamado Bonsais Atômicos, de Denison Mendes. O livro, que logo no título já faz uma analogia aos seus microcontos bombásticos, é composto por mais de uma centena de microcontos e poemas mínimos, ambos inicialmente postados no Twitter e, devido a qualidade, publicados pelo selo 3x4, da editora Multifoco/RJ.
Como disse no início, quando um autor lê outro do mesmo gênero e encontra um bom texto, ele sempre escreve o frustrado microconto em sua cabeça:
“Eu queria ter escrito isso!”.
“Eu queria ter escrito isso!”.
Em vários nanotextos, senti essa inveja positiva, logo transformada em admiração e respeito, a qual, aliás, sempre tem o poder de nos inspirar.
Certa vez, algum sábio disse: “O bom escritor é aquele que escreve muito, em poucas palavras”. É exatamente isso que Denison Mendes faz, misturando gêneros, estilos e climas, que resultam na grandiosidade dos seus microcontos de 140 caracteres.
Alguns repletos de poesia:
“Desperta-me em braile, suplicou, cega de amor, na noite branca dos lençóis”.
Outros, de uma cínica sabedoria:
“No leito de morte, o ateu questionava-se: ‘Se vou para o céu, porque vão me colocar embaixo da terra?’”.
Ou comédia:
“A Eva foi a primeira garota-propaganda da Apple. ‘Steve Jobs’”.
Alguns repletos de poesia:
“Desperta-me em braile, suplicou, cega de amor, na noite branca dos lençóis”.
Outros, de uma cínica sabedoria:
“No leito de morte, o ateu questionava-se: ‘Se vou para o céu, porque vão me colocar embaixo da terra?’”.
Ou comédia:
“A Eva foi a primeira garota-propaganda da Apple. ‘Steve Jobs’”.
Há ainda aqueles de um tamanho e profundidade que raramente consigo alcançar, como este:
“Desato-me em nós”.
“Desato-me em nós”.
Resumindo, o livro Bonsais atômicos é uma pérola nas mãos daqueles que apreciam o microconto e, por conseguinte, a boa literatura. O espaço no qual esses textos foram gerados é uma lição ainda maior, mostrando-nos que não há lugar para a arte. Seja no Twitter, seja no guardanapo, no muro, no SMS ou no rabisco feito na palma da mão, o bom escritor faz sua arma atômica em qualquer lugar, provocando uma explosão de palavras e a emoção de uma geração.
Leia esses Bonsais e tire suas próprias conclusões. Outros textos do autor podem ser lidos em seu blog.
2 comentários oníricos::
amigo arth,
agradeço tuas belas palavras sobre o livro.
emoção à flor da pele cultivada com palavras sonhadas à deriva...
grande abraço.
Não tem o que agradecer Denison!!
Eu é que agradeço pela sorte de ter lido seu livro, que me abriu as janelas da alma, me inspirando muito.
Você tem ótimas ideias, sacadas geniais que foram pedagógicas para o meu ato de escrever!!
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