Lá estava eu, tem um tempo isso, caminhando pela Av. 15 em direção à revistaria Itacolomy, sim, Ituiutaba tem livraria/revistaria, quando, de repente, o universo resolveu fazer um teste comigo:
Uma moça desceu da moto. Não apenas bonita. Linda. Era beleza condensada em pele bem formada e olhos de clarão. Daquelas que a gente vê na internet e fica na dúvida: “é Photoshop ou Deus resolveu caprichar naquele dia?”.
Tirou o capacete, ajeitou o cabelo e colocou os óculos escuros como quem sabe muito bem o estrago que causa.
E veio andando na minha direção e sorriu.
E eu, baixei os olhos como quem ora, não a Deus, mas à esperança de não dar bobeira.
Antes mesmo de chegar, ela disse:
— Oi, tudo bem?
Eu prendendo o ar:
— Oi...?
Ela sorriu.
— Oiii, queria falar com você...
E eu, todo Shakespeare:
— Tá... — baixinho, porque minha oratória não sabe lidar com visitas inesperadas.
E aí veio a proposta indecorosa:
— Vamos sair hoje à noite?
Respirei fundo, tentando parecer um ser humano normal. Cara de dúvida, coração metralhando dentro do peito.
Mas não.
Ela desviou de mim como quem desvia de um poste no caminho, e continuou falando...
— Tá então pode deixar marcado, você passa lá em casa e...
E a voz dela foi sumindo enquanto eu fiquei parado, besta, saboreando o prato frio da desilusão instantânea... Minha cara de espanto virou riso quando a ficha despencou:
O maldito e discreto fone intra-auricular.
Sim, aquele mesmo. O aparelhinho quase invisível que na época eu não sabia, que tem fone e microfone embutidos, que se conecta ao celular via bluetooth, sem fio, sem nada que denuncie. Um pequeno milagre tecnológico criado pra me fazer de trouxa em plena luz do dia.
Eu ri. Gargalhei. A vida tem dessas: em dez segundos você pode passar de protagonista de uma história de amor ao figurante de um telefonema alheio.
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