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A “salinha”



Quando eu era muleke, por volta dos meus 8 a 12 anos de idade eu ia lá na locadora de fita de vídeo da minha cidade (Soft Vídeo) e as vezes passava do lado da salinha dos filmes pornô. Sem que ninguém percebesse, eu me aproveitava enquanto meu pudor se descuidava e, sorrateiramente lançava meu olhar periférico, mais conhecido por aqui como “rabo de olho”, nas capas das fitas pornô dentro da salinha; pela eternidade de 2 segundos eu apreciava o relance do pecado. Aquilo era fascinante. Mas eu não tinha coragem de entrar lá; só olhava de longe. Eu era o muleke mais tímido que existia na América do Sul; morria de vergonha de alguém me ver lá dentro. Se eu percebesse que me viram só olhando eu já iria desistir da vida e querer tomar leite com manga (suicídio letal dos anos 80/90)

Mas eu morria de vontade de entrar lá. Entre as prateleiras de filmes de aventura eu só me imaginava um dia entrando na salinha pornô! Pra ter uma ideia, naquela época o máximo que eu via de uma mulher seminua era na banheira do Domingo Legal do Gugu.

O tempo foi passando, a vontade aumentando e uma vez fiquei lá na locadora por horas a fio fingindo procurar filmes de terror, esperei não ter mais nenhum cliente e o atendente ir no banheiro pra que ele não me visse entrando na salinha... Daí, quando eu já ia entrar pensei: vai que eu entro, ninguém me vê, mas e quando eu for sair? Já pensou se dou de cara com a minha mãe? Com algum colega da catequese? Ou pior, dou de cara com a menina que eu era apaixonado na escola? Fiquei ali tanto tempo tecendo medos e obstáculos que quase 10 anos se passaram.

Quando eu tinha já lá pelos meus 17 anos de idade finalmente, já com barba na cara, estufei o peito, criei coragem e entrei na cobiçada salinha pornô da locadora. Quando entro lá, dou um suspiro de alívio por ter vencido o desafio, limpo o suor frio da testa, olho pro lado e quem eu vejo? A guria que eu era apaixonado durante a infância, exatamente aquela que eu temia que me visse saindo da sessão pornô em meus devaneios absurdos da meninice. Olho pra ela, ela me olha, damos um rápido cumprimento um pro outro e eu saio da salinha.
... Chega, desisto, essa vida não faz mais sentido algum...

Pensamentos artesanais

5º concurso - microcontos de humor de Piracicaba

Pensamentos artesanais



Opostos
 - Arth Silva - 

Eram tão diferentes em tudo...
A coincidência morava em apenas um detalhe:
Ambos não gostavam de si mesmos,
por isso adoravam um ao outro.




Quando me prendi nos laços do seu embaraço
Me enrosquei em meus próprios passos
E me senti em dupla
mesmo estando só

Seus cachos se encaixaram no meu olhar

E criaram nós entre nós
Enquanto o sol tingia seus cabelos 
De uma cor que ainda hoje, sei de cor...



 Ele, Ela e seus Elos
- Arth Silva -


Olhares
[Arth Silva]

Sorrir com os olhos é encontrar alguém que não te desperte um amor a primeira vista, e sim um amor a todo instante.
Quem já teve alguém assim a ponto de gostar mais dos seus próprios olhos quando tinha os dela ou dele refletidos nos seus, sabe do que estou falando... 

Olhos de decote que não te deixam tirar os olhos...
Olhos de ressaca, que te embriagam e viciam.
Olhos de semáforo, que por segurança ou costume te fazem olhar atentamente até que mudem de repente e, com a língua do olhar, te dizem tudo que você deve ou não fazer. 
Olhos de bola de gude, olhos emoldurados por óculos... Olhos castanhos que te dizem tudo aquilo que sua boca nunca conseguiu pronunciar...

Olhos que sorriem mais do que a boca e a sua pupila morde cada palavra escrita por ela...

Quem já teve a esperança verde dos olhos de alguém sabe do que falo...

Texto publicado no Jornal do Pontal - Outubro - 2014


Cara de pau
- Arth Silva / Stefany Lima -

Ela só não batia na cara dele
pra não machucar sua mão.

VIII Concurso de Contos do Tijuco



O princípio da incerteza de um jurado literário
VIII Concurso de Contos do Tijuco 


- Arth Silva -

No fim do ano de 2013, Enio Ferreira, o Presidente da ALAMI, como um grande amigo das letras e por saber da minha paixão pela leitura, me convidou pra ser um dos jurados do “VIII Concurso de Contos do Tijuco”, concurso esse que, uma vez inclusive (2007), fui selecionado pelo miniconto “O pipoqueiro”.

Honrado pelo convite, aceitei.

Pois bem... Minha tarefa árdua, juntamente com mais duas juradas Tereza Martins e Maria Tereza Moreira era ler atentamente todos os contos enviados ao concurso, contos esses que vieram de quase todos os estados brasileiros e de países como Suíça e Japão, e selecionar os 9 melhores textos, além de, é claro, escolher o conto premiado.

Legal, eu estava preparado! Que começasse a leitura!
Porém, fazer a leitura de tantos textos de qualidades distintas seguidamente, e diante de um prazo corrido é uma situação que me fez lembrar e temer o Princípio da Incerteza de Heisenberg, e fazer um equivalente literário dele. Pra quem não sabe, esse princípio diz que é impossível medir ao mesmo tempo a velocidade e a posição de uma partícula subatômica, uma vez que fazer essa medição altera a realidade observada. (entenderam? Não? Peraí, vou explicar melhor).
Um equivalente literário desse princípio anunciaria a impossibilidade de medir talentos em concursos literários. Só que nesse caso essa medição altera não só a realidade do objeto observado (texto), mas também a do próprio observador (jurado), já que esse tem de ler inúmeros textos de boa qualidade seguidos por dezenas de textos com qualidade tão baixa que me pergunto como alguém teve coragem de enviar tal texto pra um concurso (suspeito que seja apenas pra sacanear os jurados)...  Enfim, essa quantidade de textos de baixa qualidade lidos em sequência, dá ao jurado uma angustia e um pessimismo quanto às próximas leituras, que altera o seu estado de consciência diante de cada próximo texto avaliado, podendo atrapalhar no julgamento de um conto.

Por isso, muitas vezes uma pergunta me pousou à cabeça: Será que eu saberia qualificar o texto de um novo Luiz Fernando Veríssimo, um novo Carpinejar ou até um novo Machado de Assis sem saber o nome dos autores e após ler  tantos textos de qualidade tão ruim?
Talvez enfrentar esse Princípio seja um mal de toda mesa julgadora de concursos literários, mas que deve ser encarada com profissionalismo e dedicação em busca dos contos realmente bons que participam dos concursos para que a apresentação de resultados não decepcione.

Quando finalmente consegui ler todos no inicio do mês de fevereiro, pra minha surpresa e alegria, 98% dos textos que selecionei como bons batiam com os resultados da Tereza Martins, e foram confirmados pela Maria Tereza. Inclusive, o texto que eu selecionei como o melhor, "Salto sem barreiras" de autoria do escritor Celso Antonio Lopes, também estava no topo da lista das duas juradas.

Como mineradores, nós jurados tivemos que garimpar ao máximo em meio a muita coisa sem tanto valor até encontrarmos lá no fundo as preciosas pepitas de ouro literário. Muitos eram tremendamente banais, já outros obras, eu gostaria de ter tido a ideia pra escrevê-los como “Encontro no Bistrô” do gaúcho Danilo Silvio Aurich e “Anjo” do paulista André Telucazu Kondo; contos que eu, particularmente, gostei muito e que estarão no livro “VIII Concurso de Contos do Tijuco”, publicado em breve pela ALAMI.  Livro que com certeza será bem recebido por todos aqueles apreciadores do “Princípio da boa literatura”.



A graça está na diferença
- Arth Silva -

O nosso maior erro é querer achar ALGUÉM PERFEITO. Alguém cujos gostos musicais, políticos, cinematográficos, sociais, futebolísticos, gastronômicos e filosóficos sejam idênticos aos nossos e, por isso, essa tal pessoa é a nossa “Alma gêmea”.

Quer alguém idêntico a você? Dê um beijo de língua no espelho.

Ao querer buscar uma personalidade igual a nossa no outro, deixamos de aprender com a diferença.

É a diferença que trás o novo. É diante do desconhecido e de como lidamos com ele, que surge nosso amadurecimento.

O ideal é uma relação perfeitamente complementar. Na qual em você “sobre” o que nela “falte”, e esta, por sua vez, supra todas as suas falhas, e, mesmo assim, os dois ainda tenham defeitos.

Sei que não é fácil saber reconhecer a diferença de alguém e, o mais importante, aceitá-la. Fazer isso é ser um artista cotidiano.

Antes de conseguir aceitar o próximo, é preciso aceitar a si mesmo. Uma pessoa que não aceita com facilidade diferentes opiniões ou estilos, é uma pessoa que ainda não se aceitou. É uma pessoa que teme mudar os próprios gostos se ficar próximo a alguém que tem atividades distintas das suas. Em um relacionamento, quem tem certeza de si, não declara ódio ou briga tentando provar o porquê de sua própria ideologia, seja ela qual for, pois esta é superior às outras; apenas aceita a diferença ou é indiferente a ela, ou ainda, simplesmente se afasta discretamente.

“Ah, mas meu namorado odeia filme romântico e eu adoro”. Ora, e os pontos bons que vocês têm em comum? Eles não deveriam contar mais do que um mero detalhe desses? Afinal, acho que uma relação não deveria se orientar apenas por gêneros de filmes, músicas e toda aquela lista que citei no início deste texto.

Nessas horas devemos colocar tudo em uma balança e constatar se os pontos negativos são maiores que os positivos.  Muitas vezes vale a pena abrir mão de uma ideologia nossa pra ganharmos algo bem mais valioso.

“Ah, Arth, mas a diferença é grande, não iremos durar muito tempo”. Aí está outro erro grande: acreditar na utopia de que o amor é eterno e tem que durar pra sempre, como nos contos de fadas. Acorda garota, você não é uma princesa Disney. E garotão, fica de boa, quando te beijarem você irá continuar um sapo. Aquele papo de “E viveram felizes para sempre” é tão verdadeiro quanto as histórias que tem esses finais.

Amores não tem data marcada. Já tive relações triviais que sobreviveram por anos e amores perpétuos que duraram a eternidade de alguns dias ou meses.

Mas pra saber aceitar o defeito alheio, pra saber sorrir diante dos heterogêneos é necessária certa experiência de erros e acertos que derrubem essas teorias utópicas do amor imortal e da pessoa “igual” a nós.

Muitos dizem: “Nossa! Vocês formavam um casal tão lindo, porque deu errado?”
Eu respondo: Não deu nada errado, deu tudo certo, foi perfeito, completo pelo tempo que durou. É claro que houveram problemas; problemas sempre existiram e sempre existirão em todo relacionamento; Mas, como lidamos com eles e aprendemos a fazer com que não se repitam é o que deve ter maior valor na vida de cada um. Hoje sou um vitorioso por ter passado tanto tempo do lado de pessoas tão maravilhosas e com quem aprendi tanto.

Já notou o quanto amadurecemos com o passar do tempo? É isso! É a forma como lidamos com as diferenças, com os problemas do dia-a-dia, que nos amadurece, nos caleja, para podermos enfrentar a vida.

Só o coração calejado é capaz de amar. 


Comece aos poucos, vá aprendendo e aceitando devagar os defeitos alheios, afinal você também é cheio de defeitos e muitos terão que aceitá-los.

Crônica publicada na Revista Differenza - Maio de 2014
Jornal do Pontal - Janeiro de 2014
Revista Impacto - Agosto de 2014


Meu dia de herói
- Arth Silva -

Hoje quando acordei, fui beber um copo d'água na cozinha e, enquanto tomava a água, olhei pro lado e me deparei com aquela visão aterradora e perigosa que colocava toda a vida a minha família em perigo!

Com o susto, na hora larguei o copo e saltei sem medo na direção daquele chinelo virado.
Ufa! Desvirei a tempo. Foi por pouco! Vi que tinha salvado a vida da minha mãe nos últimos segundos restantes. Naquele instante, minha mãe veio correndo do quarto, assustada pelo barulho que fiz ao cair no chão.

Antes que ela gritasse pra saber que bagunça era aquela na cozinha, eu apenas olhei sem forças pra ela e disse: Não precisa agradecer mãe, eu te amo...

Livro "Gavetas da memória"

Livro "Gavetas da memória", que transcrevi, compilei, editei, ilustrei e fui co-autor da capa.

Leiam o livro aqui: http://issuu.com/arthsilva/docs/gavetas_da_mem__ria_livro

Esse é o resultado de um trabalho de 6 meses que tive ao lado de mais de 60 idosos de Ituiutaba/MG que participam do CRAS - Centro de Recreação e Assistência Social.

Diante da deficiência visual ou analfabetismo de alguns idosos, sentei-me ao lado de cada um e, como um artesão, esculpi no papel todas as emocionantes aventuras narradas, unindo pontas da infância à velhice e transformando-os em verdadeiros escritores.
Com isso pude enxergar meu amor pelas palavras acompanhado do carinho de ganhar novos avôs e avós.

Agradecimento perpétuo a todos que me ajudaram fazer desse sonho uma realidade:

Ricardo Vlv Augusto Paixão - que me ajudou a fazer a capa, diagramou todo o livro e me deu dicas sem as quais o livro não ficaria tão bom.

Mariana Ramos- que revisou o livro e impediu que eu tropeçasse nos pés da letra.

Janio Claudio– que bateu excelentes retratos e abrilhantou o livro.

E a toda equipe da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Social e de todos os CRAS de Ituiutaba, que me apoiaram e me ajudaram a conseguir finalizar esse belo trabalho.


A Revista Impacto publicou uma matéria muito interessante sobre esse trabalho social que deu origem ao livro, clique AQUI e confira. 


Olhos de clarão
- Arth Silva -


Certa vez conheci uma guria de olhos de clarão.
Olhos que me acendiam e não se apagavam; que sabiam enxergar toda a quilometragem estampada no velocímetro do meu peito.

Eram olhos que me assaltavam a atenção e não me davam trégua, disparando a melhor parte minha que dei a ela.

Até eu, que na língua do olhar sempre me achei mudo e analfabeto, passei a gostar mais dos meus olhos quando tinham o reflexo dela estampada neles.

Em instantes que ainda estão presos nos holofotes de nossas retinas, essa garota me ensinou que é na língua do olhar onde nascem os melhores beijos. Dessa forma, em debates platônicos que por vezes duravam a eternidade de alguns segundos, nós nos comíamos com os olhos e nos devorávamos em sonhos.
Trocando os pontos finais, por pontos de vista. E fazendo de cada um desses pontos uma trilha de reticências que nunca teve fim... e ainda hoje pode ser visto por trás do horizonte em nosso olhar.


A felicidade é quando sua cor preferida é a cor dos olhos de quem você gosta.

Texto publicado no Jornal do Pontal dia 31/12/2013


Olhar de neon (Sem blues nem piedade)
-  Arth Silva -

Noite azul. Céu cor de jeans
A fumaça densa dança no ar
enquanto o olhar marginal cruza os sinais vermelhos
Beijos roubados na mesa de um bar
Sorrisos jogados atrás dos cabelos

Aspas pontilham toda conversa
em sorrisos rasgados pelo batom
Maquiagem riscada. Um rosto de estrelas
Luz apagada. Olhar de Neon

Um flerte bandido assalta o rosto
e transforma o sangue em aguardente
Como um músico errante, afino meus dedos
e a toco...

Em algum lugar do passado
O amor se faz presente




Jardim cotidiano
(Arth Silva)

Aguou a planta dos pés
e fez nascer em si
um sorriso em flor.




Menina dos olhos
(Arth Silva)

Desde a infância,
nunca tivera um único amor à primeira vista.
Era cega de nascença.



Menina alada
(Arth Silva)

Certa vez, conheci uma menina que voava,
mesmo com os pés no chão
Ela tinha o poder de colocar o sol na janela
e o mundo na palma da mão
De transformar desenho em nuvem e voar alto
com as asas da imaginação

Feita de brisa
incitava a brasa em histórias pelo ar

Feita de tempo
acariciava o vento
e moldava as cores
da aurora
de outrora
do agora
e de cada olhar...


Zona indígena
(Arth Silva)


As prostitutas da tribo Kayapó sempre achavam um tédio
sair à noite para fazer "programa de índio".




Onírico
(Arth Silva)

Os sonhos são a imaginação do sono.



O olhar de decote
(Arth Silva)

A verdade é que a mulher possui um gene tão oposto quanto necessário, que te faz “esquecer das horas e abusar das demoras”, só pra ficar mais com ela e, depois de muito diálogo, serem pegos calados, admirando o interior de cada um. Ali o idioma falado não é importante, inglês, português, francês, não importa; sua língua preferida é a dela.

Muitas vezes, Ela te seduz com detalhes e te abandona quase que por reflexo enquanto você finge para si mesmo que não teve culpa. Ao lado delas, levamos alguns segundos para nos apaixonar e uma vida inteira pra conseguir esquecer.
E, mesmo diante de pretéritos imperfeitos junto a elas, continuamos cadentes pela fragrância da certeza de que a mulher não é triste nem trágica, é um mistério indispensável. Seu sorriso acentuado e o “beijo menta” temperam o vício doentio que nos embriaga a alma e enche nosso copo de anseio pela próxima dose.

Talvez todo esse fascínio tenha começado quando a Terra era confusão, treva e caos, exatamente como agora. Daí nos próximos seis dias, deus concebeu as ervas, sementes, o Sol, a Lua, os animais e Adão (já adulto), que era o homem perfeito, até o dia que deus tirou-lhe uma costela para criar a mulher e ele ficou incompleto. Por isso hoje, nós homens precisamos tanto de uma mulher pra nos completar, ela tem aquilo que nos falta. Somos descendentes desse bíblico transplante de órgãos.
Depois disso o casal foi punido por desobedecer às ordens do Chefe. Punição severa e injusta essa, afinal: como punir um casal que não teve infância pra aprender bons modos?

Mas enfim, desde o início dos tempos aquele requinte erótico nos provoca um solo de bateria no peito e parece justificar cada instante. É algo tão surreal e mágico como um flerte acidental.

O beijo de pipa, que voa pelo céu da sua boca.
Aquele sorriso de tudo ou nada que completa a sua gargalhada.
Sem falar no jeito único que só ela tem: meio flor, meio bandida.
E o olhar. Ah, o olhar! Existem mulheres cujo olhar é um decote. E convenhamos, um belo decote atrai bem mais que a nudez.

Algumas mulheres são uma espécie de NADA que TUDO tem.

Lutam contra o tédio da perfeição. Elas abraçam-nos com palavras e nos acolhem com o olhar.  A mulher quando quer, faz do sorriso seu melhor batom e o usa pra escrever a vida nos nossos lábios. E o mais importante, a adoramos  não pelas qualidades e sim, apesar dos defeitos.

Dentro do seu abraço, pela eternidade de cada segundo, você não quer ser melhor do que os outros, mas melhor para si. É como sempre digo: O amor só existe (leia: “o amor só presta”) quando encontramos alguém, que nos transforme no melhor que podemos ser.

Sei que muita gente deve estar pensando: “poxa, ele só fala de mulher, e o mundo não é só isso”. Tudo bem pessoal, é que me esqueci de mencionar na narração bíblica que, no início, deus criou o Homem em três formatos: O homem, a mulher e o fã de Restart.

O leitor poderá ter esse mesmo fascínio que tenho pelas mulheres só que por diferentes gêneros.  Mas aqui, talvez por falta de conhecimento, me limito apenas aos pensamentos artesanais sobre o gene XX. Esse gene feminino que tem o sorriso maior que sua altura.

Cuja companhia é o endereço certo pro melhor abraço.


Texto publicado no Jornal do Pontal - Agosto de 2013 



Onde está a Poesia? Texto ao Dia da poesia (todo dia)
(Arth Silva)

Poesia? Hoje é dia dela e onde ela está?
Se você está levantando o tapete pra olhar em baixo ou procurando no Google, tenho uma triste notícia: Você não irá encontra-la.

Só de precisar procura-la você já anula esse encontro.
A verdade é que a poesia está em toda parte, naqueles PEQUENOS detalhes que fazem GRANDE diferença, mas só são visíveis para aqueles que não precisam dos olhos pra enxergar.

A poesia é nítida somente para aqueles que usam óculos na alma.

Ela está em cada gesto, em cada palavra e sorriso preso entre os dentes, na mecha de cabelo que cai sobre a testa, no jeito simples de abotoar a blusa, naquele sorriso bobo de asas tortas que contamina as decisões.
É necessário um batalhão de acasos e uma frota de coincidências para que você a encontre, mesmo sem procurar.

Aquele cheiro suave e embriagante é um texto que gostamos de ler de olhos fechados.

A poesia no papel é apenas a tentativa de explicar a verdadeira poesia: A poesia de carne e osso.

Mas infelizmente as palavras nunca serão o bastante para explicar o que sentimos. A poesia flui por onde quer, ela não guia a pena que flutua pelo ar e sim o vento que a embala.


Por isso, nesse Dia da poesia, diga apenas uma palavra praquela pessoa que faz seu sorriso incendiar e rouba suspiros como se roubasse flores: PARABÉNS.




O que será o Amor?
(Arth Silva)

Hoje vi um ato de amor verdadeiro.
Uma filha enquanto andava pela rua ao lado da mãe, ergueu os olhos em direção a ela e gentilmente tocou seus cabelos sobre a orelha como que arrumando algo, mesmo que os fios do cabelo da mãe tenham ficado quase que imóveis. A mãe baixou a vista gentilmente, fitou a filha e sorriu com os olhos, agradecendo o gesto.

O amor está nisso. Nos pequenos detalhes quase invisíveis a olho nu. São simplicidades que os olhos não veem e que só a alma pode enxergar. Quando você ama alguém você faz isso quase sem perceber. Passa a mão só pra sentir o calor. O amor é um instinto.
Amar é retocar a perfeição.

Querer largar tudo pra ficar com aquela pessoa? E dizer que deve deixar o sentimento falar mais alto? Isso não é amor. É paixão.
Amor é você gostar de alguém e fazer planos para seu futuro ao lado dela. Cuidar dos mínimos detalhes para que o plano habilmente arquitetado se realize.
Amar é se fazer concreto para edificar um sonho.
Paixão é querer dividir um momento, um mês, uma cama. Amor é querer dividir uma vida.
A paixão faz seu coração disparar. O amor faz seu coração bater em compassos firmes, no ritmo da sua música preferida.
O amor é impessoal, não respeita credo, cor ou classe social, por isso, muitas vezes, o que não está à venda é que faz o coração bater (exceto o marcapasso, claro).

Muitos reclamam, principalmente as mulheres: “Ah! Ainda não achei o homem perfeito! Por isso tô solteira!”
Caso você pense assim, desista. Isso é uma ilusão utópica de menina ingênua.
Só queira encontrar a pessoa perfeita, quando você também for perfeito. E convenhamos, aquelas suas manias esquisitas não se encaixam na categoria Perfeição.

Costumo dizer que o amor é como um quebra cabeças. Onde todos são peças imperfeitas com lados assimétricos e confusos. Durante a vida encontramos diversas peças que não se encaixam bem em nós por mais que tentemos. Até o dia que você encontra aquela peça rara, também imperfeita, com um formato rebuscado, mas que se encaixa perfeitamente nas suas laterais incorretas e juntos formam uma linda figura.
Diante disso, por ironia do universo, muitas vezes são seus defeitos que te fazem mais perfeita.

Saiba viver a eternidade a cada instante. A vida é muito curta para não se gastar cada segundo tentando ser feliz.
O amor nasce nos detalhes. Nos pequenos pontos que apontam um sorriso. No olhar fixo por 3 segundos. Num gesto bobo de gentileza despercebida. Amar é ver o invisível, ouvir o inaudível, tocar o intangível.
Amar é ganhar em se perder, tentando se encontrar.

Publicado no Jornal do Pontal - 9/10/13 - e também nas páginas: Crônica na terra do Conto e Ituiutaba Werald e na Revista Differenza de 2014.




Saudade é o PRESENTE
querendo se vestir de PASSADO
(Arth Silva)


A reler meus pensamento e também pensar em reler minhas memórias nunca escritas, me pus a listar os momentos inesquecíveis dessa minha breve vida. Momentos que dão saudade vestida de nostalgia e, ainda assim, vontade não  de reviver a lembrança, apenas lembrar e relembrar...

Já reparou que sentimos saudade apenas de momentos em que o sorriso estava presente? O “presente surpresa” do seu pai quando você tinha 8 anos de idade; o ovo de páscoa que você comeu em junho; aquela brincadeira de esconde-esconde até tarde da noite na rua da sua casa. Em todos esses instantes você tinha a felicidade tatuada na cara.

Em um relacionamento acho que só é lembrança quando acabou. E, só é saudade quando era amor. Nunca conheci a saudade do que não se gostou. Algo só é bom o bastante se tiver o potencial de se tornar saudade.
Sinto saudades, claro. Minha vida foi repleta de momentos lindos. Tanto que às vezes me pego querendo admirar meu futuro pelo retrovisor. Mas não! Logo me corrijo. Ficar relembrando demais o passado ou imaginando o futuro é ter medo do presente.

O que eu queria dizer é que a felicidade está nos pequenos detalhes: Em um abraço de avó; em um bocejo de cachorrinho; naquele beijo de despedida; no sorriso de recomeço; no tropeção do gatinho filhote; voltar da escola conversando com o melhor amigo; no peixinho comendo pão pela manhã; o vento das 18 horas; se enterrar na areia; 
carinho de mãe; aquele filme da Seção da Tarde; uma boa ação sem pedir nada em troca. uma piada sem graça de quem a gente adora; sua música preferida; achar moedas perdidas no bolso de uma calça velha; bolo de chocolate...

São esses pequenos detalhes que iluminam a memória e nos fazem sorrir de boca fechada como que prendendo a risada entre os dentes.

O sentido da vida é ser feliz e, assim como a "Teoria da relatividade" criada por Einstein, a felicidade também é relativa, cada um sorri por motivos pessoais e diferentes; a mesma alegria que você sente ao sair pra balada, outros sentem ao ler um livro ou conversar com o amigo sentado na calçada.
Por isso, sorria sempre e aproveite cada instante.
Sinta saudade do seu presente.
  



Otimismo (ou não)
(Arth Silva e Isadora Santana)

Sou tão saudável!

Disse a hipocondríaca bipolar.



TEMPO
- Arth Silva -

Já reparou em como o tempo passa e você nem vê? É como aqueles erros em filmes que, quando te contam, você liberta um leve sorriso preso nos lábios e se pergunta: Como não vi isso antes?
Assim é o tempo, só nos damos conta dele quando já passou.
Quando você vê que seu Beatle preferido era o John e agora é o Paul. Quando você nota que a foto da sua carteira de identidade não se parece mais com você. (será falsificada?). Ou quando você destila a fatídica frase: No meu tempo era melhor.

Sempre digo que, se as fotos são o registro do corpo, a memória é a fotografia da alma. Tente relembrar um momento da sua vida. Lembrou? Reparou que você não se lembra necessariamente de uma imagem física, e  sim de um sentimento, de uma sensação? Ah, você está novamente tentando se lembrar, só que agora fixando em detalhes. Não conseguiu, se conseguiu é a esquizofrenia se apoderando de você. Enfim. Acho que a lembrança é a única que enxerga realmente o tempo.

Quando crianças, pensávamos que o tempo era tão devagar, hoje ele parece mais rápido e amanha ele correrá mais que um keniano em prova de atletismo. A verdade é que quanto mais velhos, mais o tempo será breve. Para um cara de trocentos bilhões de anos, uma eternidade de evoluções químicas é realmente míseros seis dias e o dia de descanso deve estar durando até hoje. Mas se você ainda é daqueles que dizem que o tempo agora está passando rápido demais, entre em uma fila de banco que você irá mudar de ideia.
Olhando amigos e parentes, notamos que muitos mudaram completamente, outros parecem iguais, alguns se foram, outros ficaram.  Muitos que eram tão importantes para nossa vida, hoje estão mais sumidos que a mãe da Chiquinha. A maioria tatuou rugas sob os olhos, exceto aquela sua colega que você morre de inveja, mas não admite. No fim você se dá conta que não está sozinho. 

O tempo é contagioso, estamos todos envelhecendo.
Somos feitos de tudo aquilo que sentimos, ouvimos, vemos, provamos e vivemos.

Para finalizar, certa vez li um sábio pensamento que resume tudo o que eu disse aqui, no pensamento ele dizia: “Tempo, logo existo”.
Reflita sobre isso enquanto ainda há tempo, antes que o ponteiro lhe empurre para o fim desse relógio.



Este é um blog de sonhos cotidianos.
Toda e qualquer semelhança com fatos reais é mero plágio da vida.